sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Conheça o RIO + 20

Em 1950 havia somente 86 cidades com mais de 1 milhão de habitantes; atualmente são mais de 400 cidades que contam com mais de 1 milhão de habitantes. Naquele ano, Nova York era uma megacidade solitária no planeta; hoje há 25, dois terços delas concentrados nos países em desenvolvimento. Foram necessários 100 mil anos para que a população urbana superasse a do campo. Mas em 2025 o percentual da população urbana já será de 61% da população mundial, segundo projeções da ONU (Organização das Nações Unidas).

Infelizmente este crescimento quantitativo das cidades não resultou em um melhoramento qualitativo. Poluição, congestionamento, barulho, falta de água e higiene, bem como a criminalidade, são fatores que concorrem para o estresse dos seus habitantes.

Ar puro, vida urbana de elevada qualidade, idéias sustentáveis para uma cidade saudável, esse é o conceito que todos buscam. No trânsito entre um ponto e outro, governantes, empresários, investidores e especialistas em transportes e meio ambiente, buscam soluções eficazes para os problemas de mobilidade urbana.

Conferência Rio +20

O Rio de Janeiro sediará, de 28 de maio a 6 de junho de 2012, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, vinte anos depois da histórica Conferência do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992.

Existe ampla expectativa, nacional e internacional, de que a Rio+20 constitua oportunidade única nesta geração de mobilização dos recursos políticos necessários para desenhar uma saída efetiva para a crise urbana, levando em conta a complexidade de seus aspectos econômicos, sociais e ambientais.

Confiante, o Brasil almeja que os resultados da Rio+20 sirvam como referência internacional, sinalizando uma inflexão na forma como o mundo é pensado. Os resultados deverão assegurar que todos os países se sintam capazes de implementar as decisões adotadas no Rio, a partir da criação de condições adequadas – os necessários recursos financeiros, tecnológicos e de capacitação com uma visão de sustentabilidade.

A Rio+20 é uma Conferência sobre desenvolvimento sustentável e não apenas sobre meio ambiente. O desafio da sustentabilidade constitui oportunidade excepcional para a mudança de um modelo de desenvolvimento econômico que ainda tem dificuldades de incluir plenamente preocupações com o desenvolvimento social e a proteção ambiental.

Mobilidade Urbana

É fundamental que o desenvolvimento sustentável também englobe medidas e políticas para fortalecer a sustentabilidade dos sistemas de transportes. Nos transportes urbanos, a sustentabilidade está ligada ao estabelecimento de sistemas eficientes de transporte público, como corredores rápidos de ônibus (BRT, na sigla em inglês para Bus Rapid Transit) metrôs, trens, monotrilhos e outros de baixa emissão, que substituam em grande parte o veículo individual. Essas alternativas poderiam diminuir os congestionamentos, reduzir a poluição do ar, os custos dos deslocamentos e os acidentes, tendo impacto direto sobre os gastos públicos com saúde e beneficiando, sobretudo a população de renda mais baixa.

Poluição

A fumaça que sai dos escapamentos é responsável por 40% da poluição nas duas maiores cidades do país. E mais: o transporte, sozinho, já representa 9% das emissões de gases do efeito estufa. Portanto, a indicação do uso de biocombustíveis representam alternativa importante para o setor de transportes com o etanol e o biodiesel. Enfim, qualquer medida viável para reduzir o número de veículos em circulação como a carona traz um efeito positivo, sem dúvida. A sociedade deve despertar para isso logo e ter consciência da necessidade do uso mais racional do automóvel.

Coluna De Olho no Trânsito

Caderno Setecidades - Diário do Grande ABC


quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Pedestre também comete infração

Reunião do Grupo de Trabalho de Mobilidade Urbana do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, marcada para o dia 28, definirá a data em que os sete municípios passarão a multar os motoristas que desrespeitarem a travessia dos pedestres na faixa de segurança. No entanto, ainda são notórias a imprudência e a falta de conscientização por parte de algumas dessas pessoas que se locomovem a pé e arriscam a vida pelas vias públicas da região.

A equipe do Diário percorreu, por dois dias seguidos, as regiões centrais de Santo André, Mauá e São Bernardo, onde várias irregularidades cometidas por pedestres foram registradas. Vale lembrar que o CTB (Código de Trânsito Brasileiro), no artigo 254, prevê multa aos pedestres que desobedecem as leis de trânsito (veja quadro abaixo), mas a medida ainda não foi regulamentada, e, portanto, os fiscais não podem aplicar a penalização.

Em Santo André, no entorno do terminal rodoviário, há várias faixas que dão acesso ao local. Mesmo assim, muitos não respeitam a travessia segura, nem mesmo o sinal vermelho. Foi o caso de José Nilton Araújo Silva, 37 anos, ao atravessar entre os carros que esperavam o semáforo abrir. "Não prestei atenção. É hábito ruim, mas é automático", disse o auxiliar de manutenção. Silva acredita que as políticas públicas precisam mudar. "O pedestre não vai se conscientizar sozinho", retrucou.

DGABC

O auxiliar de manutenção, porém, desconhece não só os direitos e deveres dos pedestres, como a Campanha Travessia Segura, lançada em dezembro pelo Consórcio Intermunicipal. A ação educativa é trabalhada, ou deveria ser, pelas sete administrações municipais. A entidade avalia que o foco nos condutores é importante para garantir a segurança dos pedestres - ainda que muitos extrapolem no trânsito.

Para a arquiteta e urbanista Silvana Maria Zioni, a campanha é uma forma de pensar as cidades como espaços coletivos e de situações equivalentes para todos. "Apoio as faixas de segurança, até porque o pedestre é o elemento mais vulnerável nessa relação", opinou a professora adjunta da UFABC (Universidade Federal do ABC).

São Bernardo

Em São Bernardo, ao redor do Paço, os pedestres têm a opção de atravessar pela faixa ou passarela. Mas pressa e comodidade fazem com que arrisquem a vida em atitudes perigosas. "Se vejo que não tem carro vindo, não tem problema", afirmou o jovem Bruce York, 20.

As amigas Natalia Lopes, 16, e Beatriz Zambelo, 16, de São Bernardo, também não se importam em atravessar fora da faixa. "Estamos com muita pressa e pela passarela é demorado", afirmou Natalia.

Consciente do perigo, a estudante Pamela Ferreira, 16, de São Bernardo, acha arriscado não usar os meios legais e seguros de travessia. Mesmo assim, costuma cruzar a rua em locais perigosos. "Pelo menos perto da escola (ETE Lauro Gomes) deveria ter semáforo."

Outra reclamação dos entrevistados ouvidos pelo Diário é quanto à segurança na passarela. Muitas pessoas, principalmente mulheres, têm medo de serem assaltadas durante o percurso.

Subcoordenadora do Grupo de Trabalho de Mobilidade do Consórcio, a engenheira Cristina Baddini disse que a campanha de conscientização de motoristas e pedestres prossegue em cada município. As ações estão divididas, segundo a especialista em trânsito, em engenharia, educação e fiscalização. E trabalhadas, até agora, por categorias: taxistas, escolas, motoristas de ônibus e prefeituras.

Mais reclamações

Tânia Regina Ribeiro, 47, também costuma atravessar no vermelho e acredita que não é apenas o pedestre que infringe a lei. "Às vezes, o motorista é muito mais mal- educado."

O conferente Fernando Silva, 28, geralmente cruza a rua fora da faixa, mas pensa o mesmo. "Motoristas e pedestres estão lado a lado na falta de educação no trânsito."

Em 1999, Brasília virou modelo para o País com campanha

Em 1999, Brasília protagonizou maciça campanha pela paz e segurança no trânsito, inclusive programa de respeito à faixa de pedestres. Baseada em experiência modelo para o País, o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC pretende obter o mesmo sucesso.

"Brasília está aí de exemplo. A mudança de atitude entre motoristas e pedestres se deu por um período curto e rápido. Podemos, sim, mudar isso aqui", afirmou Silvana Maria Zioni, professora com ênfase em Planejamento e Gestão Urbana da UFABC.

O que foi compartilhado por Cristina Baddini, diretora de Transportes da Prefeitura de São Caetano, além de subcoordenadora do Grupo de Trabalho de Mobilidade Urbana do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC. "Aqui também é possível dar certo. Tudo depende de mudança de comportamento de motoristas e pedestres", afirmou.

Cristina ressaltou que das 100 mortes de trânsito por dia, 50 são relativas a atropelamentos, segundo dados da campanha da ONU (Organização das Nações Unidas) de redução de mortes e acidentes.