sexta-feira, 3 de junho de 2011

Como salvar o planeta

A falta de políticas públicas para a mobilidade urbana provocou uma queda de cerca de 30% na utilização do transporte público no Brasil nos últimos dez anos. A constatação é do estudo A Mobilidade Urbana no Brasil, divulgado pelo Instituto de Política Econômica Aplicada - IPEA.

O estudo mostra que o governo não apenas investiu muito pouco em mobilidade urbana nas últimas décadas, como também incentivou a utilização do transporte individual. Um dado da pesquisa mostra que 90% dos subsídios federais para transporte de passageiros são destinados à aquisição e operação de carros e motocicletas. Como consequencia, o uso de automóveis nas grandes cidades cresce 9% ao ano, enquanto o de motocicletas dá saltos de 19%.

Somente em 2008, foram vendidos 2,2 milhões de carros e 1,9 milhão de motos e a previsão é que, em 2015, esses números dobrem. Em alguns lugares, dependendo do trajeto que se faça, sai mais barato usar moto ou até mesmo o carro do que o ônibus, metrô ou trem.

Obviamente, esse panorama tem causado sérios problemas para as cidades, como congestionamentos, acidentes e poluição, principalmente. A renda da população está aumentando e, se não houver políticas no sentido de melhorar e incrementar o transporte público, essa situação vai se deteriorar ao ponto em que teremos cidades inviáveis.

A política de combustíveis também contribuiu para o encarecimento do transporte público, pois, segundo o estudo, os ônibus movidos a diesel estão presentes em 85% dos municípios do país e representam o principal meio de transporte de massas nas grandes cidades. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o preço do óleo diesel subiu 50% a mais que o da gasolina nos últimos 10 anos.

Somente cerca de 8% do diesel consumido no Brasil vai para o transporte público, e isso nos permite afirmar que é bem possível subsidiar a compra de diesel para o setor do transporte público e, assim, baratear as passagens.

Congestionamentos fazem a demanda por trem crescer 150%.

No caso do metrô, observamos um crescimento de 54% na última década. O número de passageiros transportados pelos trens gerenciados pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) aumentou mais de 63% desde 1999 em Belo Horizonte, Recife, Natal, João Pessoa e Maceió.

O problema é que os sistemas de trem e metrô estão presentes em apenas 13 regiões metropolitanas e têm se expandido em ritmo lento. A malha viária foi expandida em 26,5% enquanto o metrô ampliou a extensão das suas linhas em apenas 8% nos últimos dez anos.

Com exceção de São Paulo e Rio de Janeiro, a participação desses dois meios de transporte é muito pequena nas demais cidades onde operam, se comparada à participação dos ônibus, devido a menor capilaridade e a pouca quantidade de vagões em operação, bem abaixo da necessária. A falta de alternativas de transporte público, associada ao aumento da renda do brasileiro, fez a venda de carros crescer 9% ao ano na última década, aumentando os congestionamentos, a poluição e o número de acidentes de trânsito.

Sem maiores investimentos e sem políticas públicas de mobilidade urbana por parte do governo federal, será muito difícil atender à demanda que não pára de crescer. Existem investimentos estruturantes, como linhas de metrô e corredores de transporte urbano, que só podem ser realizados pelo governo, em face da sua inviabilidade de realização pela iniciativa privada. Além disso, é importante desenvolver planos de transporte urbano integrados para as grandes cidades garantindo assim um efetivo sistema de transporte inclusivo. Em não havendo investimentos imediatos para solucionar a questão da mobilidade urbana, o futuro das cidades brasileiras estará comprometido.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Impacto da Poluição na Saúde dos Habitantes da Região Metropolitana de São Paulo


Nesta quinta-feira, 2 de junho de 2011, a partir da 16 horas, o programa de entrevistas da ANTP TV, Em Movimento, discutirá o tema Poluição e Saúde - Impacto da Poluição na Saúde dos Habitantes da Região Metropolitana de São Paulo. O programa será transmitido ao vivo e, portanto, será possível a participação dos espectadores.

Um dos convidados do programa é o médico Paulo Hilário Nascimento Saldiva, professor titular e chefe do Laboratório de Poluição Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP, que vai abordar os resultados as últimas pesquisas realizadas pelo Departamento de Patologia referentes aos impactos da poluição sobre a saúde da população. Também foram convidados Marcelo Pereira Bales, gerente do Setor de Avaliação de Programas de Trânsito, da Companhia de Tecnologia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) – que falará sobre propostas, programas e ações dessa empresa para mitiga os impactos da poluição gerada pelo trânsito, e Gabriel Branco, presidente da organização Environ Mentality.

Mais detalhes da programação no Informativo ANTP.


quarta-feira, 1 de junho de 2011

Motoristas de ônibus do ABC entram em greve

Os motoristas e cobradores do ABC cruzaram os braços a partir da zero hora desta quarta-feira (01/06). A decisão foi deliberada durante assembléia realizada nesta terça no Sindicato dos Rodoviários do ABC.

A categoria rejeitou a proposta de reajuste salarial de 8%. Os trabalhadores reivindicam 15% de reajuste, além de melhorias trabalhistas. A paralisação vai atingir os sete municípios e abrangerá empresas municipais e intermunicipais. Na região, os ônibus são conduzidos por sete mil trabalhadores. Uma nova assembléia será realizada pela categoria nesta quarta.

CPTM

Os trabalhadores das linhas 8, 9, 11 e 12 da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) vão entrar em greve a partir da zero hora de quarta-feira. A paralisação das linhas 8 e 9 vai afetar os municípios de São Paulo, Osasco, Carapicuíba, Jandira, Barueri, Itapevi, Amador e Bueno. Já as linhas 11 e 12 afetam os moradores da zona leste e os municípios do Alto Tietê - Itaquaquecetuba, Ferraz de Vasconcelos, Poá e Mogi das Cruzes.

Metrô
Já os metroviários de São Paulo vão operar normalmente nesta quarta-feira. A categoria não vai fazer greve. A votação na assembleia realizada nesta terça-feira não foi unânime em prol da paralisação. A categoria pretende manter as negociações com o Metrô para melhorar a proposta de reajuste salarial.

Informações da pesquisa Origem e Destino do Metrô

O Índice de Mobilidade por município do ABC pela divisão das viagens pelo número de habitantes, mostra que o índice da região (2,19) está acima do índice de São Paulo (2,07) e da Região Metropolitana (1,95). Na divisão modal, 35% são viagens não motorizadas, 31% transporte coletivo e 34% transporte individual.

No último encontro no Consórcio Intermunicipal, os prefeitos discutiram o Plano de Mobilidade Regional e os encaminhamentos da pauta de ações prioritárias definidas na última plenária ordinária, entregue aos governos federal, estadual e a parlamentares. Entre essas ações, figuram aquelas relativas a infraestrutura viária, mobilidade urbana, projetos ligados à saúde e combate às enchentes, entre outros tópicos definidos a partir do planejamento estratégico de 2010 junto aos Grupos de Trabalho (GTs) do Consórcio.

Como parte da elaboração por parte do Consórcio do Plano de Mobilidade Regional, foi apresentado aos prefeitos a pesquisa Origem/Destino do transporte público dentro da Região Metropolitana de São Paulo. A ideia é contratar ainda este ano um plano de investimentos para promover a integração do Plano de Transporte Urbano (PTU) de cada município de forma regionalizada, analisando o que cada cidade faz nesse sentido a fim de construir uma espécie de "mosaico" que atenda a todas as demandas.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Pesquisa australiana sobre riscos de acidentes



Motoristas deprimidos correm mais riscos no trânsito

Pesquisadores australianos sugerem que pessoas que sofrem com depressão e ansiedade correm mais riscos quando estão dirigindo do que pessoas sem tais problemas. O estudo envolveu 760 adultos que estavam com licença provisória para dirigir e foi publicado na revistas Injury Prevention.

Sintomas de ansiedade e depressão representaram 8,5% do comportamento de risco relatados pelos jovens. A associação foi maior nas mulheres (9,5%) que nos homens (6,7%). "Já sabemos que o estresse psicológico, como ansiedade e depressão, tem sido associado a comportamentos de risco em adolescentes, como sexo desprotegido, tabagismo e consumo de álcool. O que este estudo procurou fazer foi olhar o sofrimento psíquico também pode ser ligada para comportamentos de risco na condução dos jovens, tais como excesso de velocidade, não usar cinto de segurança e usar um telefone celular enquanto dirigia”, diz Bridie Scott-Parker, da Queensland University of Technology Center.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

MDT - Movimento pelo Direito ao Transporte - anuncia engajamento nos esforços para reduzir o número de mortos e de feridos no trânsito

Estamos convencidos de que a disponibilidade de sistemas qualificados de transporte público – rápidos, seguros, confortáveis, ambiental e economicamente sustentáveis, e com tarifa que toda a população possa pagar – está entre os principais instrumentos que podem ajudar a derrubar os inaceitáveis índices de mortos e feridos no trânsito. Além disso, o setor pode perfeitamente caminhar para um programa de redução do número e acidentes com vitimas, dando mais um predicado de cidadania ao transporte público. Por isso, estamos lado a lado com as organizações públicas e privadas nesse grande esforço proposto pela ONU com a Década Mundial de Segurança Viária 2011/2020”. As palavras são do coordenador nacional do Movimento Nacional pelo Direito ao Transporte Público para Todos (MDT), Nazareno Affonso, ao avaliar o significado da Década, lançada oficialmente ao redor do mundo por meio de solenidades realizadas em 11 de maio de 2011.

No próprio dia 11, o MDT esteve representado em ato realizado no Ministério das Cidades, em Brasília, em que o ministro das Cidades, Mário Negromonte, e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, lançaram o Pacto Nacional para Redução dos Acidentes de Trânsito – Pacto pela Vida, que oficializou a participação brasileira na Década convocada pela ONU. Na solenidade, Negromonte também salientou a relação que há entre investimentos em transporte público e redução das ocorrências graves no trânsito.Ele sublinhou que os 18 bilhões de reais para projetos de mobilidade urbana previstos para o PAC – Mobilidade Grandes Cidades também podem ser considerados parte do esforço para reduzir o número de mortos e feridos no trânsito, pois a qualificação do transporte público favorece que a população ande menos de carro. “Quando a sociedade, o governo e autoridades estiverem mobilizados, vamos avançar muito mais. Temos a capacidade de fazer o melhor e ter sucesso", disse.

Desde que assumiu o cargo, o ministro fala de forma emotiva sobre o tema da segurança viária. Há menos de dois meses, na abertura 74a Reunião do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Públicos de Transporte Urbano e Trânsito, em Brasília, ele assinalou que mortos e feridos em razão de ocorrências no trânsito já não têm maior impacto sobre a sociedade, e indagou: "Por que essas mortes não nos comovem tanto quanto a queda de um avião? Quando foi que passamos a ser tão insensíveis às consequências da violência no trânsito?" Com certo otimismo, ele afirmou agora: “Vamos encontrar meios de comover a sociedade civil. Essa conscientização deve começar pela educação, pela melhoria da gestão dos órgãos de trânsito, sendo fundamental o envolvimento de prefeitos e governadores”. O ministro informou que até o próximo mês de setembro de 2011 – por ocasião da Semana Nacional de Trânsito, que ocorre, anualmente, de 18 a 25 daquele mês – serão apresentadas à sociedade propostas que constarão do Plano Nacional de Redução de Acidentes e Segurança no Trânsito, que tem como pilares a gestão e fiscalização, educação, saúde, infraestrutura e segurança veicular. O diretor do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) Orlando Moreira da Silva, apresentou as propostas elaboradas pelo Comitê de Mobilização pela Saúde e Paz no Transito e que representa os compromissos do governo brasileiro com o Pacto pela Vida. Ainda durante a solenidade, o ministro Alexandre Padilha, da Saúde, destacou a melhora na qualidade do atendimento de emergência realizado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Emergência (SAMU/192), que passou a contar com profissionais mais capacitados, evitou o aumento da mortalidade por acidentes. Houve também apresentação dos dados de uma pesquisa inédita, patrocinada pelo Ministério da Saúde, que analisou a associação entre o consumo de álcool e os acidentes de trânsito em seis capitais do país – Recife, Manaus, Fortaleza, Brasília, São Paulo e Curitiba.

PROPOSTAS DA ANTP E ENTIDADES

Tendo em vista a Década, a ANTP liderou a elaboração de um documento com varias organizações do setor com 44 propostas concretas de ação imediata – com objetivos, forma de implementação, metas físicas, cronograma de execução e parcerias recomendadas –, referentes a seis objetivos estratégicos, que cobrem todos os aspectos envolvidos na questão do trânsito: gestão do sistema de trânsito, fiscalização, educação, saúde, segurança viária e segurança veicular.

Essa contribuição da ANTP e das entidades será levada à próxima reunião Comitê Nacional de Mobilização pela Saúde, Segurança e Paz no Trânsito, prevista para junho, quando será aprofundada a proposta do governo brasileiro para a década, e que foi apresentada na solenidade de 11 de maio. Com base a resultante do encontro das propostas governamentais e da sociedade, o Comitê Nacional de Mobilização elaborará as medidas concretas, com indicadores de monitoramento pela sociedade, de forma a constituir um plano decenal do governo para a redução de mortos e feridos no trânsito anunciada pelo ministro Mário Negromonte.

O Comitê de Saúde, Segurança e Paz no Trânsito foi, instituído por decreto presidencial em 19 de setembro de 2007. A coordenação desse comitê é do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), vinculado ao Ministério das Cidades. O governo federal dele participa também por meio de representação dos ministérios da Justiça, Transportes, Saúde e Educação. Igualmente integram o comitê entidades da sociedade civil no qual a ANTP é representada por seu presidente, Ailton Brasiliense Pires, e pelo coordenador do Escritório de Brasília e do MDT, Nazareno Affonso.