quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Sociedade do automóvel


O que significa para a sociedade como um todo um aumento de 146% nas vendas de veículos automotores em apenas um mês?

Para muitos não significa simplesmente nada, uma vez que não fazem parte da mísera fatia de 20% da população brasileira que tem poder aquisitivo para investir num carro, e efetivamente utilizá-lo, e continuará preso em um transporte coletivo de péssima qualidade e baixíssima mobilidade, fruto da falta de espaço nas vias públicas do país.

Para outros, é o mais evidente sinal da solidez da economia brasileira. Nesse grupo estão os estrelados de plantão que se vangloriam de uma estabilidade econômica que teve suas raízes na época da ave exótica.

Agora, para um grupo, isso significa o mais forte sinal de atraso no que diz respeito a políticas públicas de mobilidade urbana. Mostra que somos incapazes de discutirmos de forma clara e objetiva o assunto, que nossos gestores não estão preparados, e aparentemente desinformados com o que acontece no mundo, e que continuamos achando que ter um carro é o máximo.

Quanto maior o número de carros, maiores as chances de um acidente, já que o espaço disponível para circulação de veículos permanece o mesmo. Quanto maior o número de acidentes, maior o número de vítimas, óbvio. Quanto mais vítimas, mais dinheiro público é gasto no atendimento e tratamento dos envolvidos. Entretanto, acidentes de trânsito não são meras fatalidades, e sim, a somatória do despreparo e da imprudência dos motoristas, multiplicados pela impunidade e desrespeito à vida.

Sinceramente, não vejo nenhuma diferença entre uma pessoa que, intencionalmente ou não, avança num sinal de pare e mata alguém no trânsito, com outra que, também intencionalmente ou não, puxa o gatilho de uma arma e mata uma pessoa num bar. Em ambos os casos, eu trataria como crime doloso, uma vez que todos nós sabemos a letalidade de um veículo e de um revólver. Infelizmente, devido à subjetividade das leis, podemos ter infinitas interpretações.

Não entendo porque comemorar o crescimento das vendas de veículos automotores, muito pelo contrário, vejo isso com profundo pesar. Assim como crescem as vendas, também irão crescer as estatísticas de acidentes, de mortes e conseqüentemente, de impunidade.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Ipea: 20% dos brasileiros enfrentam congestionamentos diariamente

Estudo sobre mobilidade urbana, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e divulgado nesta segunda-feira aponta que 23,8% dos brasileiros já têm o carro com o principal meio de transporte. Se considerada apenas a região Centro-Oeste do País este número sobe para 36,5%. Na região Sul são 31,7% e, na Sudeste, 25,6%. O Nordeste é que o tem o menor índice, com 13%.

O transporte público - incluindo ônibus, trem e metrô - ainda é o mais utilizado pela população, sendo o principal meio de locomoção para 44,3% dos entrevistados. Na região Sudeste atinge 50,7%.

O estudo aponta uma grande variação em relação às regiões. No Norte, por exemplo, 17,9% da população diz ter a bicicleta como principal meio de transporte, superando, inclusive, os automóveis, que têm 17,6%. No Nordeste o índice também é bastante superior ao restante do Brasil, com 11,3%. Já no Sul, a bicicleta só é usada por 2% dos moradores e, no Sudeste, por 3,8%.

A pesquisa também indica variação do meio de transporte conforme o grau de escolaridade do usuário. Entre aqueles que têm até a 4ª série do 1º grau completa, 49,9% dizem utilizar o transporte público. Já no gurpo dos que possuem ensino superior incompleto, completo, ou pós graduação este índice cai para 29.4%. Ao mesmo tempo, o carro passa de 13,6% no grupo dos menos escolarizados para 52,4% no daqueles com mais anos de estudo.

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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Vá de bicicleta


Na cidade de São Paulo, existe um automóvel para cada três pessoas. Além disso, o índice de ocupação por veículos não chega a 1,5 pessoas por carro. Isso significa que menos de 40% da população paulistana possui ou usufrui de um automóvel. No entanto, as políticas públicas são inteiramente voltadas para esta elite motorizada e individualista.

Qualquer metrópole que se preze, que realmente quer uma solução para a mobilidade, adota medidas de priorização do tráfego de bicicletas. Ainda mais se levarmos em consideração que a bicicleta é o meio de transporte mais limpo, saudável e sustentável que existe.

A cada dia, mais e mais bike-ativistas tomam as ruas de Sampa e do mundo todo para mostrar isso aos "cegos" motoristas em seus automóveis. É um movimento expressivo, que conta com adesão de milhares de anônimos.

Você sabia que tem uma lei municipal em São Pauloque obriga a construção de ciclovia quando uma avenida ou grande via é realizada? Isso significa que praticamente todas as obras de Sampa nos últimos anos são ilegais. A tal Ponte Estaiada é o melhor exemplo de priorização dos automóveis no transporte. Não podem circular por ela, ônibus, bicicletas ou pedestres.

Acredito que este assunto dispensa maiores explicações, então vamos às dicas:

Deixe o carro em casa sempre que possível: ele polui o ar, congestiona as ruas, degrada a cidade, causa estresse e favorece o sedentarismo. No espaço de 3 carros (geralmente com uma pessoa) pode circular um ônibus com 60 passageiros ou 20 ciclistas.

Use transporte coletivo: alguns minutos a mais no seu percurso tornam a cidade melhor para todos. Participe das discussões sobre transporte público e exija das autoridades melhorias no sistema do metrô e ônibus urbano.

Em distâncias até 6km, vá a pé ou de bicicleta: além de fazer exercício e economizar, você verá a cidade com outros olhos. re: eles têm igual direito de circular nas ruas com segurança. Ao ultrapassar uma bicicleta, reduza a velocidade e mantenha distância. Nas faixas, a preferência é sempre do pedestre (a não ser que exista semáforo específico).

Respeite as calçadas, as áreas verdes e jardins e os rebaixamentos no meio-fio.